Arquitetura como palco onde as pessoas se encontram: entrevista com Pitagoras Group

No País dos Arquitectos é um podcast criado por Sara Nunes, responsável também pela produtora de filmes de arquitetura Building Pictures, que tem como objetivo conhecer os profissionais, os projetos e as histórias por trás da arquitetura portuguesa contemporânea de referência. Com pouco mais de 10 milhões de habitantes, Portugal é um país muito instigante em relação a este campo profissional, e sua produção arquitetônica não faz jus à escala populacional ou territorial.

Neste episódio da quarta temporada, Sara conversa com Manuel Roque, do Pitagoras Group, sobre a reabilitação do edifício do antigo Teatro Jordão e Garagem Avenida. Ouça a conversa e leia parte da entrevista a seguir.

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Sara Nunes - Hoje estamos em Guimarães, no atelier Pitágoras. E a obra de que vamos falar hoje também se situa em Guimarães. É um projecto de reabilitação de uma série de edifícios, sendo o mais emblemático o antigo edifício do Cineteatro e o Restaurante Jordão. Como o Manuel nasceu em Guimarães, pergunto-lhe se quando era mais novo chegou a ir ao Cineteatro e quais são as memórias que guarda desses momentos? Se é que ia ou pelo menos de passagem...

Manuel Roque - Ia até porque eu já tenho 53 anos. Portanto, fui e ainda vi alguns concertos do Guimarães Jazz.

SN - Isso era um ciclo que passava no Cineteatro?

MR - O Guimarães Jazz existe já há várias décadas e um dos espaços onde eram feitos alguns concertos chegou a ser no Teatro Jordão. Depois passou a ser no auditório da Universidade do Minho e em vários espaços. E depois, já mais tarde, com a construção do Centro Cultural de Vila Flor (CCVF) passou, no fundo, a ser sediado aí na maioria dos concertos. Deixe-me só dizer entretanto que... coube-me a mim hoje estar aqui [a dar esta entrevista]. Na Pitágoras, neste momento, somos três sócios: o Raul Roque (o meu irmão), o Alexandre Coelho Lima e eu.

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© José Campos

SN - Ah, eu reparei desta vez... Não fazia ideia... Eu sigo o Alexandre há imenso tempo e só o conhecia como fotógrafo. Afinal, ele também tem uma carreira como arquitecto (risos).

MR - Eu diria ao contrário (risos). Afinal, ele também tem uma carreira como fotógrafo no Instagram.

SN - Mas eu não conhecia. Eu só conhecia a parte do fotógrafo.

MR - É... mas calhou-me a mim hoje estar aqui a conversar sobre o Teatro Jordão. Porque também me calhou mais a mim ficar a acompanhar essa obra. Aliás, a mim e ao André Malheiro, que representa já também a nova geração aqui do escritório.

SN - Na Pitágoras são muitas mais pessoas, não é? Falou das pessoas que gerem o atelier, mas entretanto vocês já são quantos?

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© José Campos

MR - Nós temos uma equipa relativamente pequena. Aqui, em Guimarães, somos 15, acho eu... Normalmente andamos entre os 15 e os 20. Vai variando. Depois temos em Moçambique. Aí somos cinco pessoas em permanência. E depois nos outros escritórios, nas outras geografias, estamos sempre com parceiros locais. É mais ou menos assim que vamos funcionando.

Voltando ao Teatro Jordão e Garagem Avenida... Vamos ver se não digo algumas inverdades já por falta de memória... O processo também foi longo. Eu tenho ideia que o projecto começou... já não me lembro se foi em 2014 ou 2015... Depois houve mais do que um concurso.

SN - Houve mais do que um concurso?

MR - Sim, houve um concurso inicial, por isso é que eu já não me lembro bem... Depois foi feito um segundo concurso, penso eu... mas acho que o projecto iniciou em 2015. Em 2015 ou em 2016? Penso que foi em 2015. Depois o projecto de execução... E depois ele conclui-se em Fevereiro de 2022. Portanto, no início deste ano. Só que, entretanto, também na fase de obra apanhámos a pandemia, o que fez a obra atrasar cerca de um ano, penso eu. Também não foi muito mau.

SN - Não foi mau.

MR - Relativamente às memórias, evidentemente que o Teatro Jordão representa muito para os vimaranenses. E Guimarães é uma cidade bastante bairrista. Portanto, sempre tiveram um orgulho muito grande no seu...

SN - No seu património?

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© João Rey

MR - No seu património. Neste caso, no Teatro Jordão. O que é um facto é que o Teatro Jordão esteve fechado eu creio que durante cerca de 20 anos. Portanto, também, ao longo desse tempo, as pessoas foram construindo imagens, imaginando outras coisas de como seria o Teatro. O que nós tentámos fazer, de facto, foi dar uma resposta válida e ajustada àquilo que era o programa. Era um programa bastante ambicioso e eu acho que um programa também muito interessante porque, no fundo, a grande ocupação deste conjunto construído destinava-se à implantação de três escolas. A ver se eu não me engano... Ou seja: o Conservatório de Música [Escola de Música da Academia Valentim Moreira de Sá], a Escola de Artes Visuais e a Escola de Teatro e Artes Performativas. Teria ainda que albergar as Bandas de Garagem e, naturalmente, depois, com um programa autónomo, também o próprio Auditório. O programa previa… nós estávamos a falar de uma sala... o Cineteatro – próprio daquilo que eram as salas e os cineteatros – era uma sala grande. Não era uma sala com grandes condições mesmo em termos de visibilidade para o palco. Tinha algumas debilidades, mas isso era normal. Quer dizer, era normal para uma construção daquele tipo. E o programa previa a redução significativa da capacidade da sala. Aquilo, na altura, creio que tinha uma capacidade de 1100 ou 1200 lugares. Era uma sala enorme e a Câmara Municipal de Guimarães pretendia uma sala com 400 lugares.

Ouça a entrevista completa aqui e reveja, também, a terceira temporada do podcast No País dos Arquitectos:

Nota do editor: A transcrição da entrevista foi disponibilizada por Sara Nunes e Melanie Alves e segue o antigo acordo ortográfico de Portugal.

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Sobre este autor
Cita: Romullo Baratto. "Arquitetura como palco onde as pessoas se encontram: entrevista com Pitagoras Group" 22 Jan 2023. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/995091/arquitetura-como-palco-onde-as-pessoas-se-encontram-entrevista-com-pitagoras-group> ISSN 0719-8906

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